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CANHEMA

significado

 

1.

Canhema é uma palavra indígena que significa sem graça ou desenxabido.

O Bairro Canhema fica localizado na região Norte de Diadema. O termo "Canhema" é uma palavra indígena que significa sem graça ou desenxabido. Antigamente esse era o bairro onde se localizava o Sítio Icanhema, que fazia parte do antigo "Curral Pequeno" (juntamente com Pinhauva - atualmente Piraporinha - e Taboão), uma das duas terras que se originaram após a morte do Barão do Tietê. Este legalizou a posse de terras com 650 alqueires após o abandono desses terrenos pelos jesuítas.

O bairro nasce por volta de 1930, antes da emancipação política de Diadema. A versão da origem do seu nome vem através de moradores antigos do bairro, onde afirmam que o nome seja referência a uma antiga casa de taipa, conhecida como "Casa Grande", constituída de uma capela dedicada à Imaculada Conceição. No Bairro há vilas e/ou subdivisões extraoficiais como a Vila Iran, Vila Oriental, Vila Jacira, Vila Cláudia, Jardim Santa Rita, Vila Alice e Vila Odete.

Se tem uma coisa que o bairro do Canhema não é, é sem graça ou desenxabido. O bairro tem crescido economicamente e principalmente os moradores e moradoras são representantes da luta pelas conquistas e direitos do território. Esse é um bairro importante no Brasil e no Mundo pois abriga a primeira Casa do Hip Hop. Esse movimento cultural de luta e resistência que fortalece e inspira com seus quatro elementos, em uma pedagoginga potente em busca da identidade e fortalecimento das pessoas e do território onde estão inseridas.

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Canhema: Quanto a Cultura Preta influenciou no TERRITÓRIO.

Por Fabiana OADQ

Casa do HIP HOP

Entrevistado: Nino Brown- Responsável pela organização Zulu Nation Brasil, Nino Brown ou King Nino Brown, é conhecido por ser o primeiro membro da entidade no Brasil.

“Falar do Centro cultural Canhema, que depois mudou para Casa do Hip hop, é dizer que desde 94 já aconteciam encontros com o Adomair que era curso de Iorubá depois foi se estendo para algumas oficinas com o Dj Hum, Kl Jay e também encontros com a Posse Hausa. A biblioteca Paineiras, que foi a primeira sobre afrodescendência, quando teve a inauguração, fomos lá, com alguns grupos e a posse mesmo sem divulgação desse dia e acabou que quando a Casa do Hip Hop foi inaugurada, todo acervo dessa biblioteca foi para Casa acrescentei com alguns livros e materiais que tinha falando sobre o Hip Hop, pra realmente as pessoas conheceram o que era de verdade o Hip Hop.

Na ocasião foi realizada uma peça chamada ‘Se liga mano “ em 96 e 97 e participei apenas pra dançar e na época fazia muito fanzines e book, xerocava e encadernava e presenteava quem merecia, e esse trabalho foi usado como slides pra peça, então todas as fotos que tinha eles utilizavam em um momento da peça, que era do conhecimento. Pra vc vê que já existia um movimento de conscientização antes de ser “ Casa “ , as peças rodavam nos centros culturais até chegar no Teatro Clara Nunes. Essa peça fez um diferencial em muitos jovens daquela época, porque contava desde os quilombos e encerrava com uma batalha de break.

Tivemos uma visita ilustre que foi o Marcelo Yuka, que na ocasião veio pra fazer a capa do CD do rappa e foi com um grafiteiro 12 grenn , fizeram uma ponte entre o Marcelinho e Dj hum e o Yo ( que era um programa de Rap da época ) veio fazer toda cobertura era 1998, encontro histórico onde ganhou mais força pra se tornar a então Casa Do Hip hop.

Também em 98 a revista “Caros Amigos “ fez uma matéria só sobre Hip Hop e o centro cultural foi escolhido para somar com a matéria, foi umas das maiores matérias de Hip hop da época, impulsionando outras revistas também com o tema.

O Nome surgiu em conjunto com pessoas que frequentavam na época juntamente com a gestora da época Rosana, que foi responsável pela minha contratação. E aí em 99 o centro cultural se tornou – Casa do Hip Hop Diadema.

Minha contratação veio muito por causa de todo trabalho que fazia voluntariamente de algo que gostava muito, eu fui o primeiro a ser contratado como Historiador da Cultura Hip Hop no Brasil, e pra mim isso é uma honra ser remunerado em algo que amava fazer (até hoje amo).

 

O primeiro Aniversário da Casa foi uma loucura, e como estava a frente também da biblioteca, toda divulgação, fanzine, panfleto quem fazia era eu e mandava pela correia, não tinha internet globalizada na época.

 

“…E depois de todo esse processo que a Casa proporcionou, como foi a recepção dos moradores do Canhema, com toda essa exposição?”

 

Infelizmente as pessoas com mais idade, não aceitavam muito bem, achavam que era um lugar de bagunça, confusão etc.

Foi quando começamos um trabalho de integração com as mães dos jovens que frequentavam a casa, para mostrar os trabalhos, o que realmente acontecia e aí começou mudar a visão inicial.

Foi um trabalho intenso de 8 anos onde realmente eu contemplei a mudança da molecada da quebrada e de seus familiares.

A casa era espelho para todas as pessoas que se interessavam em HIP HOP, ficou um tempo parada por várias questões políticas, mas, aos poucos está retornando a suas origens, é um grande desafio, mas como ela é a mãe, a primeira casa vai ressurgir.”

Hoje sinto um banzo, saudade daquele tempo e de tudo que vivi naquele lugar.

A visão inicial das pessoas foi modificando com o passar do tempo, e com a visibilidade que a casa tinha, que por mais que a casa veio pra ser o elo de ligação entre outros lugares ela serviu também pra aquela população, pra aquela mãe, aquele moleque um acalanto , lugar que falavam a mesma linguagem. Preta.

 

Canhema: Quanto a Cultura Preta influenciou no TERRITÓRIO.

 

Entrevistado: Jean B, coordenador da Casa do Hip Hop Diadema

Por Fabiana OADQ

 

“Então, na verdade a Casa se estabeleceu no Canhema por uma história, posso contar rapidinho, quando o Nelsão (Nelson Gonçalves Campos Filho, é um dançarino de breaking e ativista social brasileiro, tendo ganhado notoriedade como um dos precursores da cultura hip-hop no país, Nelson foi um dos principais dançarinos de soul e breaking do Brasil)   foi chamado pra Diadema, pelo Filippi (José de Filippi Júnior, mais conhecido como Filippi, é um engenheiro e político brasileiro, filiado ao Partido dos Trabalhadores. É o atual prefeito de Diadema)  na época, era pra desenvolver um trabalho nos centros culturais de oficinas de Hip Hop e ai tinha uma história que ele chamava o pessoal do Inamar, bairro de Diadema,  pra colar no Eldorado e o pessoal do Eldorado, falava que era perigoso e vice e versa e não conseguia fazer esse encontro da galera que fazia a mesma oficina das mesmas ideias. Foi ai que ele pensou numa questão central e o centro cultural mas central da época era o Centro Cultural Canhema onde foram feitas as junções de todas as oficinais dos outros lugares, originando o Hip Hop em Ação. Ainda não era Casa do Hip Hop, houve uma luta por parte do Nelsão, a galera do Back Spin e outro pessoal desde 94 para mudar o nome de centro cultural Canhema, para Casa do Hip Hop que aconteceu em 1999 e essa mudança influenciou muito a juventude naquela época, tanto que hoje tem frutos de muitos moleques que nem moram mais no Brasil – tem o Binho que mora na Finlândia - tem um grupo de Rap que a galera vive do Hip Hop. Então foi uma safra de jovens, que através da cultura, conseguiram sobreviver e viver dela porque viver da cultura no Brasil é uma parada bem complicada sendo preto então pior ainda.

 

A importância da Casa do Hip Hop não só para o Canhema, mas para a cidade de Diadema é muito grande, e por ser esse centro de formação da molecada, ela se tornou uma referência para fora da cidade, estadual, nacional e mundial, onde tem pessoas do mundo inteiro que vem pra cá pra conhecer a Casa, ela é uma terceira via da história do hip hop no Brasil, a primeira foi quando nasceu o Hip Hop lá na 24, depois veio a São bento e depois caiu pra formação que aconteceu no Canhema em Diadema. A importância dela por todo histórico é muito grande, não tenho nem palavras pra mensurar o valor da Casa pra sociedade.

...”E você acha que a Casa é bem aceita pelas pessoas que moram ao redor?”

 

Sim, a comunidade sente muita falta da Casa a todo vapor, falo isso com propriedade, porque não cheguei agora, cresci aqui dentro da casa e peguei ela em um momento muito ruim, de destruição, abandono, praticamente só tinha o prédio mesmo. E nós estamos com todo cuidado, fazendo reforma, volta a casa e a galera da comunidade estão vendo o movimento e perguntando - a casa voltou – as atividades e tá rolando um burburinho de que a

 

Casa vai voltar como era antes etc. Vamos ver, por que são épocas diferentes, e a gente tem que trabalhar de forma diferente pra atrair público, por que em uma era digital fica complicado, a galera fica em frente de computador, celular....” É muito interessante saber sobre o início, porque eu fazia as atividades de Hip Hop em outro centro cultural mesmo e depois realmente foi migrado para o Canhema com atividades aos sábados.”

 

Isso mesmo que era o Hip Hop em ação, que vai voltar agora no mês de março e já está

movimentando outros lugares ao saber da volta.

O HIP HOP é movimento precisa continuar...

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